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C. Fittipaldi sobre rival que o fez capotar em Monza: "é um sujo, um imbecil"

Brasileiro mantém discurso em entrevista exclusiva ao Motorsport.com que Martini freou de propósito no GP da Itália de 1993; italiano nega e coloca culpa em câmbio danificado

Christian Fittipaldi, Minardi and Pierluigi Martini, Minardi collide at the finish

Christian Fittipaldi, Minardi and Pierluigi Martini, Minardi collide at the finish

Uncredited

Christian Fittipaldi
Christian Fittipaldi
Christian Fittipaldi
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Christian Fittipaldi, Tony Kanaan, Felipe Massa e Rubens Barrichello
Nigel Mansell e Christian Fittipaldi
Pierluigi Martini, Piercarlo Ghinzani e Luis Perez-Sala
Pierluigi Martini
Pierluigi Martini, in the Minardi M186-01 at the Legends Parade
Pierluigi Martini, in a Minardi at the Legends Parade
Pierluigi Martini, in the Minardi M186-01 at the Legends Parade suffers a fire
Pierluigi Martini
Pierluigi Martini

A bandeira quadriculada já havia sido dada ao vencedor, que acenava para o público. Os torcedores, por sua vez, vibravam no autódromo de Monza para empurrar o ferrarista que brilhantemente cruzaria a linha de chegada em segundo em um terrível campeonato para a escuderia.

Passados 22 anos, poucos se lembram do primeiro colocado do GP da Itália, o inglês Damon Hill, da Williams, e do piloto da Ferrari em questão, o francês Jean Alesi. Mas por mais absurdo que possa parecer, o sétimo e oitavo colocados ficaram marcados para sempre por terem protagonizado aquele que é considerado o acidente mais plástico da história da Fórmula 1 - Pierluigi Martini e Christian Fittipaldi.

Na última volta da 13ª etapa de 1993, Christian, em oitavo lugar, se aproximava de Martini, seu companheiro na Minardi, o sétimo. Na última curva, a Parabólica, o brasileiro saiu colado no italiano, e quando foi tentar a manobra seu pneu esquerdo dianteiro tocou no traseiro direito do rival. Resultado: o carro de Christian deu um looping e cruzou a linha de chegada no ar - atrás de Martini. Apesar de uma imagem assustadora, nada aconteceu com o brasileiro - ambos nem estavam na disputa por pontos, já que naquela época apenas os seis primeiros pontuavam.

Após o incidente, Fittipaldi atualmente com 44 anos não poupou críticas a Martini, dizendo que o italiano havia provocado a batida de propósito. Convidado pelo Motorsport.com a relembrar o episódio, o brasileiro manteve o discurso. "Continuo falando a mesma coisa. A diferença de velocidade era de 314 a 289km/h. Quando se está no vácuo você ganha de 3 a 5 km/h."

"Eu tinha tudo na mão no domingo, mas nem fui olhar. Na segunda-feira cedo eu liguei para o Fernando [Paiva], que era o telemetrista da equipe. Perguntei: 'o que aconteceu' e ele respondeu 'o cara tirou o pé. Tenho sorte de estar aqui conversando com você."

Mas antes deste contato telefônico no dia seguinte à batida, o brasileiro se encontrou com seu rival minutos após a fim da corrida. "O carro parou, soltei o cinto e saí andando. Entrei no motorhome para me trocar. O "Piero" veio conversar comigo e ele falou: 'ahh me desculpe...', ou seja, se ele não tivesse peso na consciência não teria de vir conversar comigo e não teria de pedir desculpas."

"Ele nunca vai admitir, mas algum peso na consciência ele tinha. Daí eu olhei para ele e disse: 'quer saber, Piero, não vamos conversar, deixa pra lá.'"

Christian Fittipaldi continua a descrição do episódio, deixando claro que não esqueceu o ocorrido. "Eu estava tão contente de estar vivo, que não vou perder um tempo da minha vida para discutir com um imbecil desses. Para mim ele só pode ser um sujo, um imbecil."

"A partir desse dia eu nunca mais conversei com ele. Não tenho nada contra, mas também não tenho nada a favor. Para mim, ele e uma lata de lixo na rua são a mesma coisa."

O caso não teve maior repercussão à época por uma questão de nacionalidade, acredita Fittipaldi. "Um piloto italiano, em uma equipe italiana, Monza... o Giancarlo [Minardi] abafou tudo."

O outro lado

O Motorsport.com procurou Pierluigi Martini, hoje com 54 anos, para que ele desse o seu ponto de vista sobre o episódio. A diferença de velocidade entre os dois carros existiu, segundo o italiano, por um problema de câmbio. "Já havia sido ultrapassado por Erik Comas, pois estava sem a quinta marcha."

"Na Parabólica eu busquei ficar por dentro, porque aprendi na F3 que lá se ganhava tempo. Porém na reta eu tive de pular da quarta para a sexta marcha, o que me gerou uma perda de giro de motor e uma aceleração menor se comparado a de Christian. Eu me joguei para o lado direito para impedir sua ultrapassagem por fora. Senti um pequeno contato e depois não vi mais a Minardi de meu companheiro."

Antes de encontrá-lo no motorhome, conforme o relato acima de Christian, Martini experimentou minutos de horror. "Vivi momentos terríveis na volta aos boxes com a corrida já terminada. Eu pensava que Christian tivesse terminado no pit lane e eu esperava ver uma cena trágica, meu sangue gelou nas veias."

Mas não foi o brasileiro que Martini encontrou primeiro. Seu chefe o esperava: "Giancarlo me levou imediatamente ao motorhome da Minardi. Ele não queria que eu falasse com os jornalistas que se reuniam na área restrita."

Foi aí que o encontro dos dois pilotos aconteceu. "Nesse meio tempo o Christian chegou. Ele me acusava de ter freado seco na frente dele, alegando que eu tinha tentado matá-lo. Nós brigamos enquanto Giancarlo procurava manter nossos ânimos calmos e nos trazer as telemetrias.”

“Minardi nos disse com tom firme que se surgisse qualquer coisa de anormal, o piloto que havia feito uma manobra arriscada seria demitido. Era claro que estava falando comigo, mas eu sabia que não tinha feito absolutamente nada de incorreto. O fato é que Christian havia se acalmado."

Confiante que não fez nada de errado, Martini completa: "o traçado da telemetria nos demonstrou que eu nunca tirei o pé do pedal do acelerador e muito menos pensei em frear. Simplesmente a minha Minardi não acelerou como a do Fittipaldi porque me faltava a quinta marcha."

Em um aspecto Martini faz coro com Fittipaldi - os dois nunca mais se falaram. "Pusemos uma pedra em cima disso."

No ano seguinte ao incidente, Christian se transferiu para a Arrows e disputou a sua última temporada na F1 antes de buscar a sorte no automobilismo americano. Martini, por sua vez, seguiu mais dois anos na Minardi antes de deixar a categoria.

Colaborou Franco Nugnes

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