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É tempo de trazer as emoções de volta à F1

Qual o antídoto para a monotonia da Fórmula 1? Charles Bradley tem algumas ideias, com as quais você pode concordar ou ficar extremamente irritado

Lewis Hamilton, McLaren Mercedes

Lewis Hamilton, McLaren Mercedes

XPB Images

Felipe Massa, Scuderia Ferrari, F2008
Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W06
Felipe Massa, Williams FW37 à frente do companheiro de equipe Valtteri Bottas, Williams FW37 e Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W06
Mark Webber, Red Bull Racing, RB4
Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W06
Felipe Massa, Williams FW37
Lewis Hamilton recebe a bandeira quadriculada
Lewis Hamilton, McLaren Mercedes, MP4-23
Felipe Massa, Scuderia Ferrari, F2008
Kyle Busch, Joe Gibbs Racing Toyota
Kyle Busch, Joe Gibbs Racing Toyota
Jimmie Johnson, Hendrick Motorsports Chevrolet

Um tema muito abordado recentemente é a ‘chatice da Fórmula 1’ – até o momento em que assistimos uma prova emocionante e o assunto perde força. Mas basta a primeira prova monótona e tudo vem à tona novamente.

Embora o GP da Grã-Bretanha tenha sido bom, o problema real da categoria é ser vista como ‘fácil’ e ‘monótona’. Ainda que esteja se adaptando a uma mudança significativa imposta há dois anos, com foco nos motores híbridos, as pessoas não parecem dispostas a esperar pelo novo design que os carros devem apresentar a partir de 2017 e querem uma ‘saída de emergência’ para a dominância apresentada pela Mercedes (dica: pode estar logo atrás de você).

A supremacia da Mercedes é apenas mais uma, que sucedeu às de Red Bull e Brawn GP em temporadas anteriores, e algumas vezes as pessoas consideram ‘grandes momentos’ da categoria períodos que também foram tediosos. Por exemplo, a era em que a F1 estava no auge de sua velocidade, em 2004, chamada de “dias de glória”. Naquele ano, Michael Schumacher venceu 13 das 18 corridas do ano, com Renault, McLaren e Williams com uma vitória cada.

Interessante notar que na pesquisa recente realizada pela GPDA com os fãs da categoria, os carros dos anos 2000 foram considerados os mais belos – ainda que, naquela época, havia muitas reclamações sobre a enorme quantidade de asas e apêndices aerodinâmicos. Preciso dizer que, durante uma visita recente ao centro de tecnologia da McLaren, o carro que deu a Lewis Hamilton o título de 2008 realmente se destacava dos demais pela bela aparência.

Mesmo nos anos 1980 – no meio da geração de ouro Senna/Prost/Piquet/Mansell com aqueles carros muito potentes (com os motores V6 turbinados) e largos – tivemos a temporada de 88, em que a McLaren só não venceu uma das 16 provas daquele ano. A categoria baniu os motores turbinados porque se acreditava que os propulsores aspirados proporcionariam corridas melhores... Hmmm, decidam-se, rapazes!

As pessoas ainda olham com afeto para aquela época, um tempo em que havia menos ultrapassagens do que há hoje. E antes que você grite “DRS!” para mim, eu digo a você “botão de boost do turbo”.

Mais potência, menos aderência

Hora de dizer o que eu penso: sim, a beleza dos carros é algo muito importante. Beleza é algo relativo, claro, mas ser radical demais pode te levar ao DeltaWing ou aos carros da Indy, então as pessoas mudarão a opinião delas de ‘uau!’ para ‘eca!’ rapidamente.

O que eu realmente quero ver são carros difíceis de guiar. Mesmo com os níveis de downforce reduzidos de 2009 pra cá, os F1 atuais parecem ‘fáceis’ de pilotar. Quando pilotos dizem a você que não é cansativo pilotar, isso está errado.

Quero ver pilotos terminando as provas exaustos, como se eles tivessem batalhado duramente por cada centavo recebido. Mais do que isso, quero vê-los novamente trocando as marchas com as mãos, não com a ponta dos dedos. Se as pessoas querem mais possibilidades de mudanças inesperadas, deem a eles as ferramentas para que, de repente, errem uma marcha, façam com que os carros sejam mais ariscos.

Fazendo aqui um pequeno parêntese, eu adorei o que vi na prova da Nascar Sprint Cup em Kentucky durante o último final de semana. Kentucky tinha uma reputação muito ruim em relação às corridas por lá, mas a corrida do último sábado mudou isso. E o que foi feito para isso? Reduziram a pressão aerodinâmica dos carros.

Ver os pilotos dando duro para controlar os carros já valeu o ingresso. Quando um dos melhores por lá, Kurt Busch, perde sozinho o controle do carro e roda na última curva, você percebe o quão controlar o carro ali era difícil – eles estavam no limite.

Uma das sugestões mais estúpidas que escuto há muito tempo na F1 é “tragam de volta o efeito-solo”. Sério? As corridas naquela época eram horríveis, as velocidades em curva perigosamente altas, o que era um convite ao perigo. A F1 precisa de menos pressão aerodinâmica, não mais.

Eu não tenho obsessão por tempos de volta e compará-los aos tempos obtidos em 2004, mas quero ver ação na pista, carros ganhando e perdendo posições, guiados no limite.

Dê mais potência – o barulho desses motores pode ser melhor e mais alto – tire pressão aerodinâmica e deixe que a capacidade dos pilotos fique novamente em evidência.

E se é para termos pneus que se desgastam facilmente, qual o sentido de um composto supermacio que dura a metade de uma corrida? Quem precisa de oito marchas? Embora a F1 sempre deva ter o elemento tecnológico, faz-se necessário voltar para o básico e recomeçar, pelo bem das corridas.

Tragam as emoções de volta para a F1.

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