F1: Conheça o brasileiro responsável pelo vídeo épico de Alesi em Mônaco com Ferrari de 1974

Lucas Brito esteve por trás da gravação da volta do francês com a Ferrari 312 B3 de Niki Lauda em Mônaco durante o GP Histórico

Jean Alesi, 1974 Ferrari 312 B3

Jean Alesi, 1974 Ferrari 312 B3

Lucas Brito

O Grande Prêmio Histórico de Mônaco é geralmente um momento para olhar ao passado e relembrar os anos de glória da Fórmula 1 e do esporte a motor. Mas o evento deste ano trouxe momentos novos que envolveram Jean Alesi e a Ferrari 312 B3 de Niki Lauda em 1974 que viralizaram nas redes sociais.

O primeiro deles aconteceu durante a própria corrida. Nas voltas finais, Alesi estava na liderança e tentava segurar as investidas do alemão Marco Werner, tricampeão das 24 Horas de Le Mans, que estava a bordo da Lotus 77 de Mario Andretti na temporada de 1976.

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Mas em uma tentativa de ultrapassagem, Werner tocou em Alesi e o francês foi parar no muro, danificando as asas dianteira e traseira da Ferrari, avaliada em 6 milhões de reais (cerca de R$30 milhões). Veja o momento do incidente abaixo:

O outro motivo pelo qual Alesi viralizou durante o final de semana do GP Histórico foi um vídeo onboard do francês pelas ruas do principado a bordo da Ferrari. Observado de um ângulo levemente acima e atrás da asa traseira, a gravação ofereceu uma perspectiva única de um carro da F1 sendo levado ao limite pelas ruas de Monte Carlo.

Enquanto Alesi disparava pelas curvas icônicas e pelo túnel, a sensação de velocidade acompanhava o som do motor de 12 cilindros de 3 litros, demonstrando a mágica de um carro de corrida de modo inédito.

Na verdade, foi um ângulo tão diferente que dava a impressão de não ser real, sendo mais próximo a um jogo de corrida visto da perspectiva de uma terceira pessoa.

Com as imagens de Alesi se espalhando rapidamente pela internet, muitos questionaram como que isso havia sido realizado e se havia algum truque de computador por trás. Então o Motorsport.com foi atrás do nome por trás do projeto para descobrir a história sobre este momento.

E o responsável pelo projeto é o brasileiro Lucas Brito, filho do produtor executivo das transmissões da Fórmula 1 na Band, Jayme Brito. Lucas comanda a Virtual Reality International, empresa do ramo de tecnologia ligada à produção de vídeos 3D.

Seus trabalhos regulares envolvem tours virtuais de imóveis de luxo, iates e negócios, tendo trabalhado com grandes clientes internacionais, como Heineken, Hermès e o Automóvel Clube de Mônaco (ACM).

O trabalho com a ACM levou a um acordo para produção de vídeos dos eventos de esporte a motor que serão realizados no principado neste ano.

Lucas Brito

Lucas Brito

Photo by: Lucas Brito

Tendo visto algumas imagens de câmeras 360 graus conectadas a carros de rua em ângulos similares, Brito pensou em tentar algo do tipo com um F1. Após conversas com os dirigentes, ele propôs a ideia, mas reconheceu que complicações logísticas poderiam tornar o projeto impossível.

Porém, a cerca de duas semanas do GP Histórico, ele recebeu a liberação para o projeto.

"Naquele momento eu pensei 'uau, isso vai mesmo acontecer'", explicou. "Eu tinha que fazer a minha pesquisa, pedir todas as peças necessárias e torcer para que elas chegassem a tempo. Foi bem estressante".

A câmera usada para o vídeo de Alesi foi uma Insta360 especializada em imagens de ação, e foi conectada à asa traseira da Ferrari usando um bastão de montagem. A tecnologia permitiu que a conexão não apareça nas imagens, porque fica escondida no ponto cego entre as lentes.

Se você olhar bem de perto as imagens, poderá ver a câmera e a sua fixação nas sombras que elas fazem no chão.

Jean Alesi, 1974 Ferrari 312 B3

Jean Alesi, 1974 Ferrari 312 B3

Photo by: Lucas Brito

O maior desafio de brito foi garantir a fixação da câmera e que a asa traseira da Ferrari fosse forte o suficiente para aguentar. Ele não poderia danificar o precioso carro, e não poderia arriscar também que a câmera se soltasse e saísse voando quando o carro estivesse a quase 250 km/h.

"Para ser honesto havia uma grande incerteza se seria forte o suficiente, então a conexão à asa traseira precisou ser bem resistente. Eu usei um suporte de sucção bem grande e pesado, junto com um monte de silver tape ao redor. Queria garantir que nenhum ar passaria pelo local de sucção".

"Eu não consegui testar isso a uma velocidade acima de 100 km/h antes na verdade. Eu fiz um teste com ele, em um Bentley Continental em algumas estradas daqui da França, passando por algumas lombadas e aguentou bem!".

O outro desafio era o rugido do motor da Ferrari, que era tão alto que sobrecarregava os microfones da Insta360. Um microfone separado sob medida teve que ser colocado próximo aos exaustores.

Brito teve apenas uma chance de filmar o vídeo, com os organizadores do ACM separando um pequeno tempo especial na pista para voltas de demonstração envolvendo Alesi e Rene Arnoux com suas Ferraris, para capturar imagens em diversos ângulos.

"Eu não sabia se aquilo aguentaria e depois surgiu outra complicação, quando o treino livre antes de nossa saída foi atrasado, então as câmeras funcionaram por 20 minutos a mais do que o planejado".

"Eram ainda as primeiras voltas dos pilotos naquele fim de semana. Então, se eles cometessem um erro, havia também uma chance das câmeras irem parar no muro".

Rene Arnoux, Ferrari

Rene Arnoux, Ferrari

Photo by: Lucas Brito

No final, tudo aconteceu sem problemas. A câmera na asa traseira ficou intacta (ele checou e viu que ela estava lá após a primeira volta rápida de Alesi) e quando a Ferrari voltou, as imagens estavam tão boas quanto ele esperava.

"Fiquei surpreso ao ver como tudo havia ficado bom. A estabilização foi ótima, porque havia muita vibração no carro. E tive sorte com o ângulo da asa também, porque escondeu a área de sucção perfeitamente. Você não consegue ver".

"Assim que o carro voltou, eu imediatamente mostrei as imagens para Jean e Rene e eles ficaram surpresos por 15 segundos, antes de voltarem ao modo piloto de F1, passando a analisar o balanço do carro e a performance deles!".

Mas, talvez, a maior surpresa para Brito foi a recepção dos fãs à filmagem, com o vídeo gerando um grande engajamento no Twitter, Instagram, Facebook e YouTube.

"Eu sabia que faria algum barulho porque não havia sido feito antes com um carro de F1, mas definitivamente fiquei surpreso pela reação positiva".

O sucesso do vídeo de Alesi obviamente levou conversas sobre isso ser algo que a F1 poderia usar. Mas o ajuste técnico de uma câmera física e a estrutura de montagem significa que entregar um ângulo do tipo em um carro atual seguirá apenas como um sonho no momento.

Mas o que as imagens de Alesi em Mônaco destacaram é que, quando a tecnologia permitir, ainda existem ângulos para câmeras em carros de corridas que não foram muito exploradas até aqui.

Brito acrescentou: "Obviamente, você não pode colocar um bastão com uma câmera na traseira de um carro de F1 durante uma corrida. Mas daqui a 20 anos, se a magia da tecnologia nos permitir mostrar esse ângulo, certamente haverá interesse".

"É possível ver muito mais do carro, e você tem uma sensação maior da velocidade do que com as imagens tradicionais".

As reações às imagens do vídeo de Alesi mostra que os fãs da F1 definitivamente amariam algo do tipo.

Jean Alesi, 1974 Ferrari 312 B3

Jean Alesi, 1974 Ferrari 312 B3

Photo by: Lucas Brito

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