Análise

F1: Entenda por que o Bahrein expôs a fraqueza dos carros de 2022

Comparação com Barcelona mostra que ano de estreia dos novos carros deve ter seus altos e baixos

Pierre Gasly, AlphaTauri AT03, locks up

Pierre Gasly, AlphaTauri AT03, locks up

Carl Bingham / Motorsport Images

As equipes e pilotos da Fórmula 1 deixaram os primeiros testes de pré-temporada, em Barcelona, otimistas que, caso pudessem controlar o efeito porpoising, as máquinas de 202 seriam feras bem divertidas de serem guiadas no limite.

A aerodinâmica do efeito solo estava entregando bem a alta velocidade, os pneus pareciam se comportarem bem e, apesar do peso extra, não havia nada para criar alarme.

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Mas os testes do Bahrein na semana passada fizeram todos repensar, já que os três dias de ação entregaram mais dificuldades para todos. Falta de aderência, incertezas sobre as ondulações e uma subviragem inerente criaram um tempo mais difícil para todos.

De fato, enquanto Barcelona foi marcado por poucos erros, foi impossível acompanhar o número de pilotos no Bahrein que tiveram problemas com os pneus, ou que escaparam da pista na curva 10 para a esquerda. Será um local para ficar de olho no fim de semana.

Como disse Lewis Hamilton no dia final de testes: "Acho que o regulamento dos carros de 2022 fez com que todos ficassem patinando. Todos parecem ter menos aderência do que antes, e os pneus estão piores neste ano".

Não sabemos ainda se o que vimos no Bahrein é a norma ou um ponto fora da curva. Mas é justo dizer que haviam vários fatores em jogo no Sakhir que expuseram potenciais fraquezas no conceito do carro de 2022.

As temperaturas mais altas do Oriente Médio, o vento forte, uma pista mais abrasiva e as curvas de baixa somaram para formar novos desafios.

Como disse Carlos Sainz: "Acho que o asfalto é mais velho, então imediatamente o carro tem menos aderência, o que é normal para o Bahrein. Sempre temos o mesmo delta de que o carro é bom de guiar em Barcelona, mas você chega no Bahrein e tudo é mais complicado por causa da aderência menor".

"Se, além de tudo isso, você acrescentar as ondulações, e sabemos que os carros estão mais 'duros' no geral, então provavelmente as limitações ficam mais expostas. É por isso que você vê as pessoas cometendo erros, travando as rodas, algumas correções".

"Aí, além de tudo isso, você acrescenta o vento. Esses carros ainda são sensíveis ao vento, porque eles ainda produzem muito downforce, então é mais uma variável. Isso faz com que o carro seja ainda mais complicado".

Nicholas Latifi, Williams FW44, stops with a rear brake fire

Nicholas Latifi, Williams FW44, stops with a rear brake fire

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

Uma teoria que surgiu em Barcelona e que parece ter sido comprovada no Bahrein, é que pode não haver uma resposta universal sobre o comportamento do carro de 2022 em diferentes pistas. Com os carros sendo melhores em curvas de alta do que nas de baixa, eles podem acabar sendo mais divertidos de guiar em circuitos de alta do que nos de baixa.

Fernando Alonso disse: "Já falamos em Barcelona, parece que os trechos de alta funcionam bem nesse novo regulamento. E o Bahrein é formado apenas por curvas de baixa. Então talvez isso mostre um pouco da fraqueza desse regulamento, além do peso e mais".

"Pode ser uma das corridas significativamente mais lentas em comparação ao ano passado, enquanto em outras devemos ter o mesmo tempo de volta. Mas é o mesmo para todos".

No meio tempo, porém, o modo como os carros da F1 se comportaram no Bahrein significa que podemos ter uma abertura de temporada complicada, especialmente em termos de superar a distância de uma corrida sem dramas.

A subviragem, característica dos carros mais pesados e dos pneus, aliado ao desafio de menos downforce nas curvas de baixa, faz com que as travadas sejam um problema mais presente. Foi algo que Alan Permene, diretor esportivo da Alpine, disse que todas as equipes estão batalhando, e que precisaria ser superado antes da corrida.

"Um dos problemas que tivemos com o carro, e parece ser presente no pitlane, é a travada com o pneu dianteiro. É uma das áreas que estamos tentando ajustar para reduzir sem comprometer o balanço dos freios, para não termos os pneus traseiros travando também".

"Estamos testando diferentes ajustes. Algumas coisas ajudaram, outras pioraram. Mas isso é algo que pode matar rapidamente sua corrida. Se você estragar um pneu, pode comprometer todo o stint".

George Russell, Mercedes W13, locks up

George Russell, Mercedes W13, locks up

Photo by: Carl Bingham / Motorsport Images

Outra grande interrogação é quanto que os ajustes mais rígidos nos carros tornarão a vida difícil para os pilotos de uma perspectiva física, especialmente quando falamos das corridas. As equipes precisarão achar um meio termo entre o que seria melhor na melhor performance em teoria e o que é melhor para manter os pilotos felizes.

Sebastian Vettel disse: "Precisamos encontrar o meio termo. Primeiro, vocês viram que todos estamos sofrendo problemas similares. O regulamento tornou os carros mais rígidos. Os pneus são diferentes, eles têm menos absorção por causa da parede menor, mais rígida, uma filosofia diferente. Então a sensação é bem diferente".

"Acho que tudo será sobre gerenciar, tentar encontrar o ajuste ideal para a classificação e a corrida. Com sorte, encontraremos esse meio termo".

Mas mesmo que os carros sejam mais difíceis para os pilotos, eles saem de traseira demais nas curvas de baixa, os pneus travam e acabam escapando da pista, ter bons carros, compatíveis, não era o objetivo do regulamento de 2022. O foco era entregar modelos que produzissem melhores corridas, e isso só vamos descobrir no dia 20.

"A grande expectativa é que tenhamos disputas todos os finais de semana, sendo mais próximos que no passado", disse Vettel. "Acho que isso compensaria o fato dos carros não serem muito prazerosos quando falamos de níveis de rigidez ou problemas os pneus, ou os carros sendo muito, muito pesados. Então veremos".

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