Análise

Análise: games podem ajudar F1 recuperar popularidade

Analista do MOTORSPORT.COM fala sobre a interpretação falha dos principais problemas da F1 e sugere uma ação que poderia ajudar na recuperação da popularidade da categoria

Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W06, Nico Rosberg, Mercedes AMG F1 W06 e Valtteri Bottas, Williams FW37 durante a largada do GP de Cingapura

Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W06, Nico Rosberg, Mercedes AMG F1 W06 e Valtteri Bottas, Williams FW37 durante a largada do GP de Cingapura

XPB Images

Sebastian Vettel, Ferrari SF15-T na largada
Nico Rosberg, Mercedes AMG F1 W06 e Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W06 brigam pela ponta na largada
Nico Rosberg, Mercedes AMG F1 W06 e Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W06 brigam pela ponta na largada
Largada em Nurburgring
Largada: Sebastian Vettel, Ferrari SF15-T lidera
Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 W06, Nico Rosberg, Mercedes AMG F1 W06 e Valtteri Bottas, Williams FW37 durante a largada do GP de Cingapura
Rugido iRacing antes do teste de corrida de 24 Horas
Rugido iRacing antes do teste de corrida de 24 Horas
Rugido iRacing antes do teste de corrida de 24 Horas
Rugido iRacing antes do teste de corrida de 24 Horas
Rugido iRacing antes do teste de corrida de 24 Horas
iRacing BMW Z4 GT3 corre no Circuito das Américas
iRacing BMW Z4 GT3 corre no Circuito das Américas

A mais recorrente explicação para a queda mundial de interesse pela F1, comprovada pelos índices de audiência televisiva, se refere a falta de competitividade ocorrida após o início da nova era de motores V6 híbridos. Nessa nova etapa do esporte, a equipe da fabricante Mercedes ganhou a disputa tecnológica e passou a disputar o campeonato praticamente sozinha com seus dois pilotos. A diferença de potência do ERS da Mercedes na liberação de energia - com algum segredo industrial no  gerador elétrico ligado ao turbo que não é entregue as demais equipes clientes de suas unidades de potência – é tão gritante que se as equipes tivessem 3 carros, provavelmente, a equipe alemã teria completado as três posições de pódio da maioria das corridas das últimas duas temporadas.

 

Esse veredito sobre a causa da perca de interesse parte de uma premissa questionável, ou seja, de que a competitividade, ou disputas de pista seja o fator isolado que mais leva os aficionados do automobilismo esportivo aos autódromos e a sintonizar as transmissões das corridas de F1 em suas TVs. Se considerarmos apenas esse lado, há muitos anos, outras categorias já teriam superado a F1, na medida que apresentam disputas de pista muito mais acirradas e constantes... Como aliás é o caso da tradicional maior concorrente, a Indy, que foi tão regulamentada em função de custos, que seus carros ficaram praticamente iguais em capacidade. Essa 'igualdade' de equipamento enseja corridas onde muitos pilotos diferentes vencem ou possuem chances de vencer, além de ocorrerem ultrapassagens constantes nos variados estilos de pista que aquela categoria utiliza em seu campeonato... E nem por isso a Indy tem visto sua audiência crescer, segue tendo problemas de público e audiência muito semelhantes aos da F1, resguardadas as devidas proporções. Acabar com as inúmeras interrupções publicitárias durante as transmissões da TV americana teriam feito muito mais pela audiência da Indy do que qualquer outra tentativa das tantas que fizeram para igualar os carros por baixo.

Será mais prático acreditarmos que a grande atração das corridas da F1 é um conjunto de fatores, não apenas um deles isolado. O aficionado quer uma disputa acirrada com o equipamento mais moderno e veloz, sendo pilotado pelos melhores pilotos do mundo. Todas as manobras 'tecnologicamente incorretas' e de mudanças nos regulamentos no intuito de igualar por baixo um desses itens de atratividade, tentando um equilíbrio artificial onde haja mais show e menos custos, serão fadados ao insucesso, se basearmos essa conclusão nos exemplos advindos da Indy.

Evolução dos Fãs

Os dirigentes da F1 tem que entender que não foram apenas os carros que se modernizaram, o ponto de vista da audiência também sofreu evoluções ao longo dos anos. O modo como as pessoas interagem com a informação que lhes chega mudou drasticamente, o jovem aficionado de hoje se criou com um brinquedo que antes não estava a disposição das pessoas, os vídeo games. A maioria dos aficionados da F1 de hoje já tiveram a oportunidade de experimentarem simuladores onde a visão da corrida é melhor do que aquela proporcionada pelas transmissões regulares de TV, em que pese o advento da alta definição, telas wide screen e visão de câmaras instaladas nos cockpits dos carros. Para não falarmos da interação possível... Os simuladores se tornaram tão bons ao longo dos últimos anos que os próprios pilotos profissionais treinam com eles. Campeonatos mundiais online emulando diversas categorias crescem em popularidade. A Nissan em parceria com a Sony, através da  plataforma Play Station, promovem um campeonato virtual cujo ganhador adquire a chance de pilotar um carro de corrida real e até mesmo iniciar uma carreira profissional de piloto na GT Academy.

Sugestão para game/transmissão virtual em tempo real 

A F1 não tem perdido público para outra categoria, a inovadora Fórmula E acabou de nascer e convive com o mesmo público que se divide em outras categorias já existentes. Sendo assim, tudo indica que a maneira como o campeonato é transmitido é que não está mais tendo o mesmo apelo de antigamente. De onde surge a sugestão para que desenvolvedores de games desenvolvam um simulador que reproduza em tempo real o movimento de todos os carros de uma corrida e assim permitam que os fãs do esporte participem dessa corrida de forma concomitante. A transmissão dos dados telemétricos e de posicionamento na pista se resumem a poucos bytes a serem transmitidos online, dados esses que alimentariam o software residente nas plataformas computacionais dos expectadores ou jogadores. O carro a ser manobrado pelo piloto virtual teria uma atuação fantasma, sendo incapaz de causar um acidente, a não ser o de seu próprio carro virtual... Em outras palavras o usuário estaria dentro de uma corrida real ao mesmo tempo que ela ocorre, a qual poderia até vencer se escolhesse previamente um carro com as mesmas características de desempenho apresentadas pelo carro vencedor da corrida real... Aliás, as vantagens visuais ou gráficas de uma transmissão digitalizada já podem ser observadas na última promoção da Fórmula E com Bruno Senna e Nicolas Prost e seriam suficientes para melhorar drasticamente a forma como assistimos a uma corrida... Poderíamos até escolher o piloto que acompanharíamos durante a disputa na pista e, eventualmente, trocar por outro, caso o Galvão Bueno, por exemplo, chamasse à atenção para algum outro detalhe durante a transmissão.  

João C. Corrêa trabalha há quase 5 anos na sede da Motosport.com Global em Miami. No Brasil trabalhou durante muitos anos como programador (Buccaneer Software-MSX), tendo posteriormente grande atuação na área dos games.

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