Análise

Análise: por que a Williams sofre com evolução de seu carro

A Williams é favorita para o quinto lugar do Mundial de Construtores da F1, mas também fica claro que a equipe não teve a temporada que gostaria. Adam Cooper analisa as razões por trás da campanha difícil.

Lance Stroll, Williams FW40, Felipe Massa, Williams FW40

Foto de: Zak Mauger / Motorsport Images

Com quatro corridas pela frente em 2017, a Williams ocupa o quinto lugar no Mundial de Construtores, que é a mesma posição que a equipe terminou na temporada passada.

Diante disso, não se trata de um resultado ruim, levando em conta que essa tem sido a temporada de estreia para Lance Stroll e que a equipe teve de lidar com as consequências da saída de última hora de Valtteri Bottas.

Mas uma análise mais de perto revela que, talvez, não tem sido uma temporada sólida. Em 2016, a Williams pressionou a Force India até o fim, perdendo por 173 a 138. Agora, a diferença entre as duas é maior: 147 a 66.

Além disso, a Toro Rosso está apenas 14 pontos atrás da Williams, e Haas e Renault estão a 23 e 24 pontos, respectivamente. O quinto lugar deve ser alcançável, mas ainda está longe de estar garantido.

Este é, claro, um ano de transição para a Williams, naquela que é a primeira temporada do novo chefão técnico, Paddy Lowe.

Naturalmente, o ex-homem forte da Mercedes teve de descobrir como tudo funciona em Grove antes de poder fazer mudanças, e elas devem trazer resultados no ano que vem. O principal é uma nova direção no conceito do novo carro, um passo ousado para qualquer equipe.

O mesmo carro até Monza

Felipe Massa, Williams FW40
Felipe Massa, Williams FW40

Photo by: Glenn Dunbar / LAT Images

Isso não deixa 2017 menos frustrante particularmente para Felipe Massa, que, na equipe desde 2014, afirmou que só em um ano o desenvolvimento do carro esteve em um nível de desenvolvimento que ele gostaria de ver.

“No primeiro ano. Dali para frente, tem sido a mesma coisa que agora. Então, não tivemos melhora durante o ano da forma que esperávamos. Neste ano é a mesma coisa.”

“Agora nós entendemos os problemas, porque, no ano passado, não entendíamos nada. Simplesmente não conseguíamos melhorar o carro ao longo do ano como as outras equipes faziam. 2015 foi igual.”

“Neste ano, começamos de forma boa, e não melhoramos o carro como as outras equipes. Agora estamos alcançando os outros, mas é tarde demais.”

“Quero dizer, ainda estamos em quinto no campeonato e começamos à frente de outras equipes que estão lutando. Não é tarde demais, mas parece estar tarde, porque parece que já estamos perto do fim da temporada.”

Massa confia que as novas peças que estão chegando ao sistema e indo à pista nem sempre fizeram o que se esperava delas.

“Tivemos novas partes, mas elas não funcionaram. Tivemos muitas peças. A equipe precisou entender por que isso não funcionou para poder mudar algumas coisas.”

“Ainda temos as mesmas peças, mas, agora, as coisas estão funcionando muito melhor. De Barcelona a talvez Monza, tivemos um carro que era o mesmo do começo da temporada.”

“Não tivemos melhora na metade da temporada. Tivemos uma nova asa traseira em Suzuka, novas coisas nos dutos de freio, no assoalho e novas ideias que mudamos e que ficaram melhor no carro. Com certeza é mais relacionado à pressão aerodinâmica.”

Oportunidades perdidas

 Lance Stroll, Williams FW40
Lance Stroll, Williams FW40

Photo by: Glenn Dunbar / LAT Images

Massa afirmou que a situação melhorou nas últimas corridas, já que a equipe extraiu mais performance do conjunto que tem nas mãos.

“Acho que estamos entendendo como desenvolver o carro que temos. O trabalho que estamos fazendo com o carro no último mês é, definitivamente, o que deveríamos estar fazendo desde o começo do ano”, disse o brasileiro.

“É um pouco tarde, porque já perdemos muitas oportunidades. Estamos deixando o carro mais competitivo corrida a corrida no último mês.”

“É um sinal positivo, porque sabemos que podemos lutar com as equipes que estão lutando pelo quinto lugar no campeonato. É o que queremos, e sabemos que precisamos nos esforçar para continuar melhorando o carro.”

De forma intrigante, Lowe contradiz a afirmação de Massa de que nem sempre as novas peças funcionaram – apesar de admitir que, talvez, não foi extraído o suficiente delas.

“Não tivemos nada que de fato não funcionou. Tivemos um pouco de dificuldades na Áustria, se você lembrar, quando trouxemos algumas novidades”, explica Lowe.

“Elas estavam fundamentalmente entregando o que era esperado no túnel de vento, mas acho que tivemos de aprender algumas lições para ter o melhor uso disso em performance, no acerto, no equilíbrio e assim por diante.”

“Então, não houve uma melhora que não demos continuidade. O carro está usando com as coisas mais recentes do túnel de vento, e esse tem sido o caso por todo o ano.”

“Você pode observar que caímos em termos de desenvolvimento em comparação a alguns de nossos concorrentes, especialmente Force India, e, às vezes, McLaren e Renault.”

“Nós perdemos terreno, mas não porque nossas coisas não funcionaram. Acho que é porque não encontramos um nível de desenvolvimento que deveríamos.”

De olho em 2018

Paddy Lowe, Williams Formula 1, Rob Smedley, Head of Vehicle Performance, Williams
Paddy Lowe, Williams Formula 1, Rob Smedley, Head of Vehicle Performance, Williams

Photo by: Glenn Dunbar / LAT Images

Lowe admite que a mudança de direção para o próximo ano foi atrapalhada nesta temporada devido à necessidade de se concentrar na evolução deste ano. Felizmente, alguns itens ainda são relevantes, então ainda há oportunidade de encontrar alguma performance antes de Abu Dhabi.

“A maioria das coisas que estamos fazendo agora já é direcionada a 2018, então não acho que veremos uma mudança substancial disso. Ainda temos algumas coisas por vir nas próximas corridas, mas não é nada muito importante.”

“Chegamos em um modo que, de um mês para cá, estamos apenas trazendo ao carro coisas que serão relevantes para o próximo ano.”

“A asa traseira é um bom exemplo, é um componente bastante genérico. Isso não significa que traremos literalmente esta asa traseira, mas o aprendizado que tivemos nesta nos coloca perto da próxima. Todas as novidades que trouxemos desde setembro possuem essa característica.”

Quanto à dupla de pilotos, Massa ainda não sabe se estará a bordo em 2018 – apesar de que, quanto mais o tempo passa, mais suas chances parecem reduzir. Contudo, ele já viu o suficiente para confiar que a Williams terá condições de igualar sua referência mais próxima, a Force India.

“Para o próximo ano, acho que sim. Para este ano, esqueça. Mas acho que, no ano que vem, a Williams pode lutar com a Force India, talvez com a Renault.”

“Com certeza a Renault é uma grande equipe, você espera vê-los crescer. A McLaren também deve melhorar. Mas acho que haverá grandes mudanças no carro. Essa mudança teria sido legal ter dois ou três anos antes...”

“De qualquer forma, preciso me concentrar neste ano. Definitivamente acho que a mentalidade que vemos agora poderá ser boa para o futuro.”

Lance Stroll, Williams FW40, Nico Hulkenberg, Renault Sport F1 Team RS17
Lance Stroll, Williams FW40, Nico Hulkenberg, Renault Sport F1 Team RS17

Photo by: Glenn Dunbar / LAT Images

Faça parte da comunidade Motorsport

Join the conversation
Artigo anterior Ex-Ferrari trabalha em projeto da Aston Martin na F1
Próximo artigo Por início forte, Red Bull adianta trabalho em novo carro

Principais comentários

Ainda não há comentários. Seja o primeiro a comentar.

Cadastre-se gratuitamente

  • Tenha acesso rápido aos seus artigos favoritos

  • Gerencie alertas sobre as últimas notícias e pilotos favoritos

  • Faça sua voz ser ouvida com comentários em nossos artigos.

Motorsport prime

Descubra conteúdo premium
Assinar

Edição

Brasil