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Análise sobre Halo: gosto não se discute, se lamenta

Vídeo do acidente de Henry Surtees em 2009 é a prova de como o sistema evitaria mortes

Sebastian Vettel, Ferrari SF16-H running the Halo cockpit cover

Foto de: XPB Images

Durante a última semana de testes em Barcelona chamou a atenção os comentários dos pilotos sobre o sistema de proteção para cabeça desenvolvido pela Ferrari, o Halo. Nico Hulkenberg, da Force India, e Lewis Hamilton, da Mercedes, acharam que o carro ficou horrível. Sebastian Vettel se manifestou indiferente ao aspecto estético e disse que o importante era a maior proteção que o dispositivo ofereceria.

No entanto, Daniel Ricciardo foi aquele que deu a declaração mais contundente ao insinuar que estaria havendo um certo 'exibicionismo machista' na rejeição ao novo conceito, que não era momento para demonstrar heroísmo, afirmando que um certo perigo fazia para parte das corridas de F1. Ainda segundo Ricciardo, os carros que foram introduzidos a partir de 2008 e 2009 eram e permaneceram feios desde então e todos acabaram se acostumando.

Quando falamos em 'feio' e 'bonito' estamos sempre sendo subjetivos. Contudo, se é certo afirmarmos que gosto não se discute, certo também é que podemos discutir a relevância do aspecto estético diante outros atributos, como a segurança, visibilidade, velocidade etc.

Sebastian Vettel foi enfático quando afirmou: "Haveria pelo menos dois pilotos nos últimos quatro anos, que eu me lembre, que ainda estariam conosco - Henry Surtees e Justin Wilson - se tivéssemos este tipo de sistema. Eu acho que pode ser muito feio (o carro equipado com o Halo), mas nada se compara a não ter esses dois caras ao redor."

Como sempre, Vettel foi bastante preciso ao deixar Jules Bianchi fora de sua relação de pilotos que teriam sido salvos caso houvesse uma proteção como o Halo, pois não seria o caso. O que ocasionou a morte do jovem piloto francês no trágico acidente do Japão foi o forte impacto frontal resultado de uma parada praticamente sem desaceleração. Nesses casos a massa encefálica se comprime contra a caixa craniana causando grande hemorragia interna, praticamente o mesmo que ocorreu com Ayrton Senna.

Haverá proteção possível contra o choque causado por uma desaceleração abrupta? Um bolsa inflável igual àquelas que equipam os carros de passeio?

O sistema Halo também não protegeria Felipe Massa do detrito metálico que se desprendeu do carro de Rubens Barrichello a sua frente. A adoção de uma cúpula transparente a prova de bala igual a dos caças a jato deixaria os carros lindos e com grande proteção, todavia, dificultaria a saída ou a retirada dos pilotos em casos de incêndio, principalmente.

Todavia, o sistema Halo ou assemelhado protegeria nos casos mencionados por Vettel, que ainda se esqueceu da espanhola Maria de Villota que faleceu em virtude das sequelas da perda de uma vista em um acidente nos testes da Marussia em 2012, e isso já seria o suficiente para justificar sua adoção, mesmo que ainda restassem 'Calcanhares de Aquiles', todos eles horríveis de se lamentar.

O vídeo do acidente que causou a morte de Henry Surtees, filho do lendário John Surtees, ocorrido em 2009 durante uma corrida da antiga Fórmula 2, ilustra totalmente o quanto o sistema proposto pela Ferrari seria útil para evitar acidentes fatais.

 

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