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Ex-companheiro de Sid Watkins, Alex Ribeiro revela momentos nas pistas

Piloto brasileiro conta que momento mais tenso de suas carreiras foi fazer o resgate de Luciano Burti em Spa-Francorchamps

Companheiro nos GPs de Fórmula 1 por 13 anos de Sid Watkins, ex-médico da categoria, que faleceu nesta quarta-feira aos 84 anos, Alex Dias Ribeiro, em entrevista exclusiva ao TotalRace, relevou histórias de pista e destacou o legado deixado pelo profissional.

Alex, que pilotava o Carro Médico da F-1, comentou que ‘O Professor’ era diferente e notório naquilo que fazia. “A notícia realmente foi muito triste, mas ter convivido com ele foi muito bom, aprendi muita coisa”, disse o também ex-piloto de Fórmula 1. “Ele era um cara diferente do resto da Fórmula 1, humilde, o melhor de sua área. Seu legado foi grande no quesito segurança, já que muitas coisas que ele lutou para serem implantadas posteriormente foram transferidas para os carros de rua, fazendo um bem enorme para a humanidade”.

Relembrando os momentos em que esteve na pista junto do médico - justamente os piores, pois a dupla só entrava em ação quando a intervenção médica era necessária - Alex destacou alguns acidentes que ficaram na memória. “Participamos de muitos resgates juntos, mas os que mais marcaram foram, por exemplo, o de Michael Schumacher em Silverstone, quando ele quebrou a perna. Tivemos também o do Pedro Paulo Diniz em Hockenheim, quando ele capotou e ficou com a cabeça enterrada na caixa de brita, mas o mais dramático, sem dúvidas, foi o resgate do Luciano Burti, que bateu muito forte na barreira de pneus em Spa-Francorchamps. Quando chegamos lá a situação estava feia, tanto que a primeira equipe médica que chegou ao local não teve nem coragem de tocar nele”, explicou.

Porém, para Alex, o pior foi ver um companheiro da equipe de resgate morrer. "A mais triste foi em Monza, quando teve uma batida com oito carros. Já estávamos indo embora pois nenhum piloto tinha se ferido, mas neste momento um bombeiro veio correndo em nossa direção, desesperado, nos chamando para atender um amigo que tinha sofrido um impacto de um pneu na cabeça. Chegamos ao local e a situação era bem complicada... ele morreu em nossas mãos”, contou.

Outro fato relembrado por Alex foi em Mônaco, em 2000, quando acidentou-se junto com Sid Watkins e fez uma oração, já nos boxes, para que ele melhorasse, o que emocionou o médico da categoria. "Estávamos fazendo um teste que fazíamos em todo o circuito, dando três voltas rápidas pela pista. Estava em um pega com o Safety Car, quando passei por uma zebra - aquele carro tinha um problema quando passávamos por uma, pois o barulho emitia um sinal em alta frequência que pirava o computador do carro - e perdi o ABS. Na curva seguinte, que era a freada dos 'esses' da piscina, freei muito dentro e as rodas dianteiras travaram e batemos muito forte, entortando até o chassi do carro. O cinto de segurança ainda era um pouco primitivo e acabou machucando uma de suas costelas. Na volta, quando encontrei com ele no caminhão, perguntei se estava doendo, ele disse que sim, e comecei a fazer uma oração com ele. Ele colocou a minha mão em sua costela e percebi que estava muito emocionado, foi um momento bem marcante. Mas, no fim, ele ficou bom”, revelou.

Ribeiro destacou ainda os méritos de Sid Watkins em ter lutado tanto para a evolução da segurança na Fórmula 1. Para Alex, ele merece todos os créditos por, desde 1994, não ter acontecido nenhuma morte na categoria. “Seu papel foi muito importante, pois antes dele, os projetistas só queriam saber de desempenho e performance. Construíam carros muito rápidos, mas tipo cadeira elétrica. Alguns avanços foram feitos, principalmente por Jackie Stewart e Emerson Fittipaldi, que fundaram a GPDA, mas tudo isso ainda era muito empírico. Quando o Dr. Sid Watkins assumiu, a abordagem começou a ser científica, ou seja, vários estudos foram feitos, introduziram o crash test, começaram a construir carros mais fortes, o atendimento melhorou, entre outras coisas, como modificações nos circuitos Tanto que, depois da morte de Ayrton Senna, nunca mais morreu ninguém. E esse mérito é todo dele”, finalizou.

Alex Dias Ribeiro trabalhou durante 13 anos com o Dr. Sid Watkins, sendo 10 deles exclusivamente no GP do Brasil e três acompanhando todo o campeonato. 

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