F1: Comissário FIA, Bernoldi revela bastidores do caos na Áustria e diz se GP foi o mais tenso no qual trabalhou

Brasileiro dá detalhes de como foi a jornada em Spielberg e fala de como resolver problema dos limites de pista no Red Bull Ring -- há, porém, um obstáculo

Sergio Perez, Red Bull Racing RB19

Foto de: Steven Tee / Motorsport Images

Apesar do grande desempenho do holandês Max Verstappen, da Red Bull, em Spielberg, o fim de semana do GP da Áustria de Fórmula 1 ficará na história por causa do caos relativo aos polêmicos limites de pista na Estíria, num evento que ficou marcado por um 'festival' de punições pós-corrida.

Após aplicação de série de penalidades por conta de extrapolações dos famigerados track limits na prova, a Federação Internacional de Automobilismo admitiu pós-GP que não pôde checar mais de 1200 potenciais casos de pilotos que teriam passado com as 4 rodas para além das linhas brancas.

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A 'sinceridade' da FIA, porém, foi forçada por um protesto da Aston Martin contra o resultado de pista no domingo, quando a equipe sentiu que vários pilotos rivais não haviam sido suficientemente punidos pelas recorrentes infrações em Zeltweg. Conforme o Motorsport.com destacou, o principal alvo do protesto do time britânico era Carlos Sainz, espanhol da Ferrari. Além dele, Pierre Gasly, da Alpine, também acabou recebendo punição tardia 'extra'. Bom para a escuderia de Silverstone.

Com isso, seus dois competidores foram beneficiados: o espanhol Fernando Alonso subiu de 6º para 5º e o canadense Lance Stroll foi de 10º para 9º. Além do 'lucro' individual, pontos importantes no campeonato de construtores, no qual a Aston trava batalha com Mercedes e Ferrari. Méritos para o diretor esportivo Andy Stevenson: com a 'manobra' no Red Bull Ring e a reversão da penalidade a Alonso em Jeddah, o dirigente pode se gabar de ter feito mais pontos que a AlphaTauri em 2023.

Mas e a dor de cabeça que o inglês deu à FIA na Áustria? É o que o Motorsport.com perguntou a Enrique Bernoldi, brasileiro ex-piloto da categoria que vem atuando como comissário desportivo na elite global do esporte a motor. Neste sentido, vale destacar o procedimento de pênaltis quando um piloto excede os limites: após 3 extrapolações, bandeira de advertência; na quarta, 5s de penalidade; na quinta, 10s. Depois disso, há um reset e recomeça a contagem. Veja o papo com ex-Arrows na F1:

Foi seu fim de semana mais tenso como comissário FIA na F1?

“Não foi o fim de semana mais tenso. Na minha opinião, o pior foi na Austrália, depois que o Sainz tirou o Alonso. Eu dei uma penalização como as equipes querem que seja, o mais rápido possível. A penalização foi dada 1 minuto e 27 segundos depois da batida, os 5 segundos [para Sainz]. E o diretor de prova acabou voltando o grid como se a largada não tivesse existido, isso que acho que foi pior.”

E a prova na Áustria?

“A corrida de ontem foi realmente trabalhosa porque há os sensores, ou imagens que pegam quando os pilotos passam com as quatro rodas fora da pista, então, isso nem vem para mim, é analisado por um centro de imagens em Genebra. Creio que eles têm quatro ou cinco pessoas lá, analisando só isso. Nós só recebemos as informações quando chega na terceira penalidade. Aí na próxima, recebemos a notificação do diretor de prova [para aplicar a punição].”

“O que as pessoas não sabem é que eu só chego a julgar alguma coisa se o diretor de prova passa para mim. Se acontece um acidente gigantesco, alguém joga outro piloto para fora na cara dura e ele não passa para mim, não tem como ser julgado.”

“Sobre as voltas (do GP), por regulamento, por precedentes, se você faz a quarta [extrapolação dos limites de pista] você ganha [punição de] 5 segundos, se você faz a quinta, 10 segundos, se você faz a sexta não existe, nunca teve.... Então, ontem, teve pilotos que fizeram 10, teve pilotos com nove.”

“Na minha opinião, você fazer cinco (10 segundos) e depois você ir pra um stop and go, que seria 20 segundos, é uma coisa muito dura, porque se você sai fora da pista você ganha o quê? Um décimo, dois décimos, se você não respeita a linha... E aí você já está perdendo 10 segundos. Então, o que aconteceu foi que o centro lá em Genebra se perdeu uma hora na corrida e não nos passava mais nada.”

O protesto da Aston Martin

Fernando Alonso, Aston Martin AMR23

Fernando Alonso, Aston Martin AMR23

Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images

“Recebi mensagem que o Yuki Tsunoda (japonês da AlphaTauri) estava com quatro [extrapolações], tinha recebido já cinco segundos e na mensagem seguinte (vinda de Genebra) ele tinha sete. Então aí que foi o que Aston Martin reclamou, porque as equipes talvez tenham um controle maior sobre isso. Eles têm mais pessoas olhando só para isso. Então, eles (Aston) sabiam que que não estava certo aquilo ali, mas isso não tinha sido passado para nós (comissários).”

“Então o que aconteceu? Aconteceu que a gente teve que realmente contar a todos. Eu fiquei lá até seis horas e meia depois da corrida. Saí de lá quase meia noite. Não era eu que contava, mas era a gente que dava as decisões. Então, tivemos o bom senso em não fazer uma coisa: punições de 5s, 10s e stop and go, porque senão ia ter pilotos com 5, 10, 20, 20, 20, 20, 20, 20, 20 e o cara ia voltar para a corrida do Canadá.”

O delay da advertência

“Também tinha uma situação que às vezes era um pouco injusto. O piloto fez a terceira, recebe a advertência e demora um tempo até a gente avisar a equipe. Então, se tinha a quarta no mesmo minuto, isso foi deixado para lá, porque é um pouco injusto."

“Mas o problema, na minha opinião, é que essas pistas que têm asfalto (área de escape) em volta, você não paga o preço por um erro. Acho que é difícil ter uma solução para isso, mas a solução seria voltar a ter [caixa de] brita. Porém, as motos não gostam, então quando você divide uma pista com as motos (como é o caso do Red Bull Ring, no qual corre a MotoGP), é difícil você colocar as britas de novo como era antigamente, como era no meu tempo, por exemplo.”

“Pilotos como George Russell (britânico da Mercedes) e o Zhou (Guanyu, chinês da Alfa Romeo) não fizeram nenhuma infração. Eles não saíram nenhuma vez com as quatro rodas. Teve pilotos com dez, pilotos com nove, com inúmeras. Se dois conseguem fazer [o GP sem infrações], por que 20 não conseguem? Ou 18 ou 16? Então, é possível", completou Bernoldi, que correu na F1 em 2001 e 2002 e teve Jos Verstappen, da Holanda, e Heinz-Harald Frentzen, da Alemanha, como companheiros.

Quem desbancaria Verstappen na Red Bull?

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