Análise

FIA diz que Halo teria ajudado Massa em acidente de 2009

Federação Internacional de Automobilismo realizou estudos em acidentes do passado para comprovar eficácia do Halo, que será obrigatório na Fórmula 1 em 2018

Felipe Massa, Ferrari F2009 crash

Foto de: Sutton Motorsport Images

Apesar de muitas críticas quanto ao aspecto estético, o Halo será introduzido nos carros de Fórmula 1 na próxima temporada. A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) pressionou pela introdução da peça e divulgou estudos que comprovam a eficácia da peça em muitas situações.

A FIA fez isso de duas formas: testando nos carros e simulando a presença do Halo em acidentes do passado, avaliando como a peça atuaria. Laurent Mekies, diretor de segurança da FIA, apresentou os detalhes do estudo em uma conferência.

"Não há fórmula mágica para dizer que é melhor em 100% dos casos ou em 99%, por isso tratamos de analisar acidentes reais. Estudamos o máximo de acidentes possível graças aos membros envolvidos: pilotos, equipes e imprensa. Quando alguém mencionava um acidente, nós nos encaminhávvamos direto para o estúdio de avaliação de riscos", disse.

Os acidentes foram divididos em três categorias: contato entre carros, contato de um carro com o entorno da pista (muros e barreiras de proteção) e contato com um objeto externo (rodas, peças soltas, detritos). Para cada caso, foram colocados cenários de todos os tipos, a fim de avaliar o maior número de situações possível.

"Em cada um dos casos, olhamos para o acidente e nos perguntamos o que aconteceria se o Halo estivesse instalado no carro. Sabemos a resistência da peça e a do carro, além da resistência da maioria das partes do carro com as quais o Halo pode interagir.

"Então 'montamos' o Halo no carro e repetimos os acidentes, mas não somente isso: fizemos simulações com ângulos ligeiramente diferentes - um pouco mais para um dos lados ou mais para cima ou para baixo. No fim, estipulamos classificações: muito positivo, positivo ou neutro."

Contato entre carros

Neste tipo de acidente, a FIA avaliou oito casos distintos, tendo em comum um carro passando por cima de outro. Eis os resultados:

AnoCategoriaLocalAcidente entreImpacto do Halo
2007 F1 Melbourne Wurz/Coulthard Muito positivo
2007 GP2 Magny-Cours Glock/Zuber Muito positivo
2010 F1 Mônaco Chandhok/Trulli Muito positivo
2010 F1 Abu Dhabi Schumacher/Liuzzi Neutro
2012 F1 Spa Alonso/Grosjean Muito positivo
2012 F1 Abu Dhabi Karthikeyan, Rosberg Muito positivo
2015 F1 Spielberg Räikkönen/Alonso Muito positivo
2016 F3 Macau Sasaki/Ye Muito positivo

"O Halo se converterá na parte mais rígida do carro", disse Mekies sobre os resultados. "Pode suportar 15 vezes o peso de um carro e por isso tem um papel tão importante não somente para evitar que objetos atinjam a cabeça do piloto, mas em acidentes como esses, nos quais por sorte nada aconteceu."

Contato dos carros com o entorno da pista

Nestes casos, o Halo tem uma função específica: "Evitar que o capacete se choque com um muro ou uma barreira de proteção. Eis a lista de acidentes estudados:

AnoCategoriaLugarPiloto ContatoImpacto do Halo
1995 F3000 Magny-Cours M. Campos (acidente fatal) Muro Positivo
1999 CART California Speedway G. Moore (acidente fatal) Muro Ainda sob análise
2001 F1 Spa L. Burti Barreira de pneus Positivo
2007 GP2 Magny-Cours E. Viso Muro Muito positivo
2008 F1 Barcelona H. Kovalainen Barreira de pneus Positivo
2011 IndyCar Las Vegas D. Wheldon (acidente fatal) Muro Ainda sob análise
2012 F1 Duxford (teste) M. De Villota Caminhão Positivo
2014 F1 Suzuka J. Bianchi

Trator

Neutro

(o impacto foi além das capacidades do Halo)

2015 F1 Sochi C. Sainz Tecpro Positivo
2016 F3 Spielberg L. Zhi Cong Grava Muito positivo
2017 F1 Mónaco P. Wehrlein Tecpro Positivo

Contato com objetos soltos

"O Halo foi criado para isso (acidentes como de Henry Surtees e de Justin Wilson)", recordou Mekies. "A peça foi criada especificamente para suportar o acidente de Surtees, em 2009. Mais tarde, modificamos a geometria da peça para nos assegurarmos de que a peça também suportaria o acidente de Wilson em 2015. Acreditamos que o resultado desses acidentes teria sido bastante diferente."

AnoCategoriaLugarPiloto Contato comImpacto del Halo
2009 F2 Brands Hatch H. Surtees (acidente fatal) Rueda Positivo
2009 F1 Hungaroring F. Massa mola Muito positivo
2013 F1 Nürburgring M. Chilton pedra Muito positivo
2015 IndyCar Pocono J. Wilson (acidente fatal) peça de outro carro Positivo 

O caso de objetos pequenos

Um dos argumentos dos opositores é de que a peça poderia ser ineficaz contra objetos menores, como a mola que atingiu a cabeça de Felipe Massa na classificação para o GP da Hungria de 2009.

"Há uma influência positiva do Halo contra esses objetos. Não é 100% efetivo, mas estatisticamente aumenta o nível de proteção. Como não há para-brisa, os pilotos estão potencialmente expostos a objetos menores tanto quanto agora."

"Depois do acidente de Felipe Massa, muitas coisas mudaram nos capacetes, com a integração de um painel de zylon na viseira para suportar impactos com pequenos objetos, que foi o caso de Felipe em 2009. Então sabemos que o nível de proteção nestes casos já é maior."

"Fizemos estudos matemáticos em que arremessamos milhares de objetos na direção do Halo, em diferentes ângulos e posições, fazendo comparações com casos sem o Halo. Estatisticamente, quando colocamos uma estrutura à frente do piloto, aumentamos o nível de proteção contra pequenos objetos", destacou.

"Não tem uma influência grande, mas estatisticamente o nível de proteção aumenta de modo significativo mesmo para pequenos objetos", completou.

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