Análise

Frustrado? Entediado? O que está acontecendo com Alonso?

Fernando Alonso está cansado da Fórmula 1? O espanhol está tentado em disputar outras categorias? Jonathan Noble analisa o que está por trás das declarações do piloto

Fernando Alonso, McLaren Honda

Foto de: XPB Images

Fernando Alonso, McLaren Honda
Fernando Alonso, McLaren Honda
Fernando Alonso empurra seu McLaren MP4-30 de volta para os pits durante o Q2
Fernando Alonso, McLaren
Fernando Alonso, McLaren
Fernando Alonso, McLaren
O McLaren MP4-30 de Fernando Alonso, McLaren é empurrado durante classificação
Fernando Alonso, empurra sua McLaren MP4-30 durante a classificação
Fernando Alonso, empurra sua McLaren MP4-30 durante a classificação
Fernando Alonso, empurra sua McLaren MP4-30 durante a classificação
Jenson Button, McLaren Honda
Ron Dennis, McLaren

Que Fernando Alonso é taticamente genial dentro da pista, todos sabem. Mas ele também é mestre em passar mensagens subliminares em suas entrevistas. Por isso que é importante ouvir não só o que ele diz. Você tem que entender também o que o fez declarar algo.

No GP da Hungria não foi diferente, quando o espanhol levantou a sobrancelha direita no fim da entrevista coletiva após os treinos de qualificação. Depois de mais de 20 minutos de conversa, sobre suas novas frustrações, Alonso demonstrou ao mundo como ele está se sentindo na Fórmula 1 por esses dias.

"Eu amo todas as categorias do automobilismo e é verdade que a F1 não é mais a mesma ou está tão emocionante como era no passado - pelo menos para mim" disse, quando perguntado sobre como estava sua motivação.

"Neste momento, há uma enorme motivação num projeto fantástico que estou com a McLaren-Honda. O meu primeiro kart era uma réplica da McLaren-Honda e eu estou em uma verdadeira McLaren-Honda, então estou curtindo este processo de tentar conseguir deixar o carro competitivo do zero. Mas sem testes, com esses pneus, com essas limitações, com o calendário do próximo ano, por exemplo, há uma tentação [para fazer] outras categorias, isso é verdade."

A declaração de Alonso poderia ser encarada como uma ameaça de sair da categoria, mas na realidade, não é. É justo dizer que o desempenho de Alonso não vai de encontro com aquilo que ele esperava quando assinou o contrato com a equipe. Havia sim uma expectativa de que o caminho não seria fácil, que haveria uma longa subida no monte até o cume da glória na F1.

A medida do desafio foi logo apresentada a Alonso logo antes do início da temporada e desde então a vida não tem sido muito mais fácil. Mas não imagine que a tentação de Alonso em disputar outras séries seja por causa dos problemas da McLaren. Na verdade era só observar sua reação no treino de classificação de sábado. Ele poderia falar mal da equipe, jogar o volante no chão num excesso de raiva, entre outras atitudes.

Ao invés disso, vimos ele fazendo de tudo para empurrar seu carro numa temperatura quente, na esperança de trazer seu carro de volta e em seguida voltar à pista. "Eu amo meu esporte você sabe", disse ele depois. "Não importa se você é o último, se você é o 15° ou se você está na pole position, você quer dirigir o carro e você quer desfrutar o momento."

Então, o que está errado?

A resposta é simples: o livro de regras da Fórmula 1 o irrita.

Alonso se encontra preso de uma forma em que não importa a sua capacidade ou a capacidade dos engenheiros da Honda. As regulamentações restritivas são as respostas.

Ter a Honda em dificuldades é uma coisa. Mas ter a Honda em dificuldade e sendo impedida de se desenvolver, o deixa como um prisioneiro das circunstâncias.

"Antes tínhamos alguma liberdade em termos de testes para melhorar o carro. Se você encontrar o seu carro que não é competitivo no primeiro trimestre da temporada e então você tem algumas soluções e planos, talvez você acabe o ano melhor. Agora, tendo mais sensores ou menos sensores, a Mercedes vai ganhar todas as corridas e a Manor será a última em todas as corridas. Não é a quantidade de informação que temos. É que temos as mãos atadas para a temporada. Então, quando nós colocamos o carro em Barcelona ou Jerez para o primeiro teste, é uma moeda no ar [decidir]. Se for competitivo, você terá uma boa temporada e se não for competitivo, você terá uma temporada ruim."

Dennis divide a frustração com as regras

O chefe da McLaren, Ron Dennis, concorda que as algemas colocadas na equipe frustram Alonso. Encontrei Dennis na Hungria no domingo à noite e ele não fez nenhum esforço para sugerir que a mídia o fez falar algo que não queria dizer.

Ao invés disso, havia uma angustia partilhada por toda a equipe sobre a incapacidade de se fazer o necessário para sair desta situação.

"Acho que o Fernando compartilha de minha frustração - que é a de não poder fazer testes. Quando não se está competitivo, é uma desvantagem muito grande, não é a F1."

Ele acrescentou: "Limitações nas modificações dos motores, os tokens. É muito mais difícil melhorar o desempenho dos carros. E na verdade isso não economiza dinheiro. Quando tentamos algo que dá errado acabamos desperdiçando dinheiro. É uma economia falsa. Isso tem a ver mais com atrapalhar o desempenho das equipes grandes do que poupar dinheiro. Isso não é Fórmula 1. A F1 é concorrência."

Períodos de testes

É aí que mora a insatisfação de Fernando Alonso. A Fórmula 1 sempre teve um desenvolvimento de carros durante a temporada, o que trazia certa imprevisibilidade no campeonato. Agora, porém, as chances de grandes mudanças são reduzidas drasticamente. Períodos de dominância se estendem e as dificuldades de quem corre atrás também.

Em meses recentes, tem havido muita vontade em fazer com que os pilotos se transformem em estrelas novamente, proibindo a assistência das equipes e deixando os carros mais difíceis de se guiar novamente.

Mas talvez alguma coisa mais seja necessária para que os pilotos se ajustem as suas equipes, dando-lhes uma plataforma onde possam mostrar mais o que sabem fazer. Isso significa deixá-los testar novamente (de uma maneira que não leve a uma despesa de tempos de guerra), então os carros poderão ser melhorados e mais desenvolvimento ser trazido a tona.

O DNA da Fórmula 1 é aquele onde vence aquele que faz o melhor trabalho e não aquele onde você não pode fazer um trabalho melhor porque o livro de regras não lhe permite.

Ninguém se beneficia em ter campeões do mundo como Jenson Button e Fernando Alonso no fim do grid. Mas, pior do que isso, é que se os pilotos sentirem que toda a esperança foi embora, eles acabarão fazendo alguma outra coisa. Então, todo mundo perde.

Esses tempos testam os ânimos de Fernando Alonso, mas provavelmente, teste é algo que ele realmente necessita.

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