Entrevista

Leist: Sempre venci, e não há por que ser diferente na Indy

Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com Brasil, gaúcho de 19 anos fala de expectativa para início na Indy ao lado de Tony Kanaan

Matheus Leist

Matheus Leist

Larry Foyt with Matheus Leist and Tony Kanaan
Matheus Leist em Road America
Matheus Leist em  Road America
Matheus Leist em teste para Indy em Road America

Mesmo após a saída de Hélio Castroneves como piloto oficial da Penske na Indy, o Brasil continuará a ter dois representantes na categoria máxima de monopostos nos EUA. O gaúcho Matheus Leist, quarto na Indy Lights em 2017, estará ao lado do compatriota Tony Kanaan na AJ Foyt Racing em 2018, conforma anunciado nesta quinta (16).

Aos 19 anos, o currículo do piloto é muito bom. Campeão inglês de Fórmula 3 em 2016, ele se viu obrigado a ir para os EUA em 2017 e surpreendeu. Venceu logo em sua primeira corrida em um oval, as 100 Milhas de Indianápolis, e ganhou ainda mais duas provas.

Sua boa performance lhe rendeu um lugar na IndyCar em 2018, onde espera se adaptar rapidamente.

Confira um papo exclusivo com o brasileiro:

Motorsport.com: Primeiramente, qual sua primeira sensação ao finalmente assegurar um lugar para correr na Indy em 2018? 

Matheus Leist: É muito boa. Foi um trabalho bem difícil por todos os lados, tivemos muitas negociações. Anunciamos só nesta semana, mas já faz umas três ou quatro semanas que estamos assinados. É mais uma etapa na minha carreira, e tenho muita gente que sempre me apoiou que foi essencial para isso acontecer no ano que vem. Então, sou grato por tudo isso e vamos lá em busca de novos desafios e novas vitórias em uma das categorias mais tops do automobilismo.

Como foram as negociações? Chegou a falar com outro time? 

ML: Conversamos com duas equipes. Tinha a Foyt e também tinha uma outra, mas no final o que conseguimos com a Foyt é muito mais relevante apesar de o time não ter andado bem em 2017. Eles são uma equipe que tem um dos maiores patrocínios do campeonato, uma equipe que tem o AJ Foyt – que ainda trabalha muito por trás das coisas – e, para mim, ter o Tony Kanaan como companheiro de equipe é muito importante. Ele teve muito sucesso, um título e uma 500 Milhas, então acho que todos estes fatores vão me ajudar muito. Não tinha como eu estar em outro lugar.

Como você disse, o time não teve um bom 2017. Qual sua expectativa neste aspecto para o ano que vem?

ML: Acho que a equipe passou por uns momentos complicados. O melhor momento deles nos últimos anos foi com o Sato, em 2013. Mas agora vamos ver. Eles estão mudando toda a equipe. Estamos com novos engenheiros. O Tony trouxe o engenheiro principal dele, que sempre esteve com ele, então acho que isso nos ajuda bastante. Estamos com um time inteiro por trás que está mudando, falando de mecânicos e etc. Então, acho que a entrada do Tony fará o time dar um passo à frente. Espero que no ano que vem a gente consiga desenvolver o carro novo o mais rápido possível. Sendo realista, para mim a primeira metade da temporada vai ser de adaptação à equipe e às corridas. Mas, obviamente, para qualquer piloto e qualquer equipe, o objetivo é ganhar. Acho que a gente tem que se concentrar bem e fazer um trabalho bem feito. Tenho certeza que se tudo der certo como a gente planeja, teremos condições de lutar pela ponta. Vai ser difícil, mas com certeza com esta equipe que vamos ter por trás e com o trabalho duro, vamos conseguir. A equipe realmente está mudando e inovando, porque viu que nos últimos anos isso não estava dando certo. No ano que vem, as coisas devem melhorar.

Do lado pessoal, como espera ter o Tony Kanaan do seu lado? 

ML: Já está sendo bem bacana. O Tony e o Helinho são os meus ídolos na Indy. Poder trabalhar com o Tony e tê-lo para me ensinar o principal desta categoria, vai ser muito importante. Nós tivemos hoje (na quinta-feira, 16) um evento com a ABC (patrocinadora), que foi nosso primeiro evento juntos. E foi muito bacana. Ele está com 42 anos e vai para o 21º ano de Fórmula Indy. Eu tenho 19 e estou indo para o meu primeiro. Então, se pensar assim, quando ele fez o primeiro ano de Indy eu não era nem nascido ainda. Acho que há uma boa expectativa de todos nós, e vou tentar aprender o máximo possível com ele. Estou muito feliz de ter esta oportunidade de trabalhar com ele.

Você vem de um ano bom, mas de uma mudança nada fácil da Europa para os EUA. Como foi isso? 

ML: Foi uma mudança bem difícil. Era difícil naquele momento saber o que era o certo e o que era errado. Foi uma opção que eu fiz com a minha família naquele momento e foi muito gratificante. Este ano foi super difícil para mim. Eu vim para os EUA e mal conhecia os pilotos que iam correr na Indy Lights. Não conhecia nenhuma pista e não fazia ideia de como era o carro também. A equipe (Carlin) eu conhecia da Europa, corri contra eles os dois anos que estive competindo, mas nunca estive com eles. Foi tudo do zero praticamente. E, no final das contas, dentro do que poderia ser, foi um ano perfeito. Se não tivéssemos algumas quebras, acho que a gente com certeza estaria entre primeiro e segundo no campeonato. Mas as coisas aconteceram como era para ser. Acho que a principal diferença dos EUA para a Europa, é que no final das contas nos EUA eles realmente valorizam os pilotos bons e dão a eles oportunidade para correr nas categorias top. Hoje em dia na Europa a gente sabe que é muito difícil chegar à Fórmula 1. Envolve muita política, muito dinheiro e é algo muito burocrático, então este foi um dos principais fatores que me fizeram vir para os EUA. Cada vez mais estamos comprovando de que este foi o caminho certo para a minha carreira.

Como acredita que será sua primeira experiência da Indy? Se 2017, que tinha tudo para ser difícil e foi bom, não tem por que não acreditar no mesmo para 2018...

ML: Com certeza. Acho que 2018 vai ser o ano mais difícil da minha carreira. Vou ter muito para aprender, porque as corridas vão ser completamente diferentes das que fiz na minha carreira inteira. Mas, a partir do momento que me adaptar, tenho certeza de que vou conseguir me dar bem. Espero que esta adaptação ocorra o mais rápido possível para o bem da equipe e para mim também. Eu ganhei em todas as categorias que corri até hoje e não tem por que ser diferente nesta. Lógico que temos ótimos pilotos lá, temos gente do mundo todo e times ótimos, mas acho que se você fizer um trabalho bom na Indy, você pode vencer. Não é igual na F1. Se Deus quiser, vamos colocar tudo em dia, desenvolver o carro novo e vamos em busca das vitórias.

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