Entrevista

Dupla feminina é destaque em um dos melhores times da Stock

Bia Figueiredo e a engenheira carioca Rachel Loh reeditarão na temporada 2018 parceria ocorrida em 2014 em apenas uma prova

Bia Figueiredo e Rachel Loh

Bia Figueiredo e Rachel Loh

Bia Figueiredo
Bia Figueiredo
Bia Figueiredo
Bia Figueiredo e Thiago Camilo
Emerson Fittipaldi e Bia Figueiredo
Bia Figueiredo
Rachel Loh
Rachel Loh e Andreas Mattheis
Bia Figueiredo e Rachel Loh

No Dia Internacional da Mulher, a parte feminina do paddock da Stock Car está muito bem representada na temporada 2018. Neste ano, a equipe Ipiranga A. Mattheis – uma das mais bem-sucedidas do grid – terá uma dupla feminina.

Além de Bia Figueiredo, brasileira com passagens pela Indy Lights (onde conseguiu duas vitórias) e IndyCar, o time já conta há algumas temporadas com a presença da engenheira Rachel Loh – que atua há 15 anos na Stock Car. As duas trabalharão juntas neste campeonato, reeditando uma parceria que aconteceu apenas em uma corrida, na temporada de 2014 na equipe Officer ProGP (atualmente parte integrante da Cimed Racing).

Na ocasião, Rachel acabava de voltar de licença maternidade e Bia estreava na equipe.

“Mesmo em pouco tempo eu já fiquei muito bem impressionada com ela”, falou Bia de Rachel.

“Ela é muito talentosa e extremamente dedicada, organizada. Ela é muito boa estudando estatísticas, fala bem e organiza bem. Certamente vai ser um grande prazer trabalhar com ela neste ano.”

Mesmo em um mundo preponderantemente masculino, Rachel diz não se sentir intimidada. Para ele, o que manda na Stock Car é a qualidade do profissional.

“É um mundo masculino, é claro, mas o que manda é a competência”, disse ao Motorsport.com.

“Você, sendo mulher ou homem, se fizer um um bom trabalho, tem o seu lugar. Não existe nenhum tipo de discriminação. Você não sente este ambiente hostil, digamos assim. Mas, sendo mulher, você sente bastante testosterona, né (risos).”

“Há um comportamento diferenciado. Mas eu acho que mudei os ambientes que trabalhei, porque a presença de uma mulher sempre inibe um pouco naquele excesso de brincadeiras que muitas vezes os mecânicos fazem. Este é um ponto positivo. Mas reconheço que é um mundo meio machista. Mas trabalhando na área técnica eu posso dizer que não há nenhuma discriminação.”

Bia concorda, e diz que nunca sentiu nenhum tipo de tratamento pouco profissional de nenhum homem no meio da Stock Car.

“Hoje, quando entro no autódromo, nem lembro que sou mulher. Aqui é tudo muito profissional. Fora da pista existem gentilezas, mas aqui todos estamos querendo vencer. Mas dentro do time é a mesma coisa para mim e para o Thiago (Camilo, companheiro de equipe e atual vice-campeão).”

“Hoje os meninos são mais maduros, estão com 30 anos. Na época do kart, todo mundo tinha 15. A dificuldade era maior. Eu tomava muita paulada, e de tudo quanto era lado. Tinha que revidar. Mas hoje existe muito respeito.”

Longa carreira no automobilismo

Além de Bia, Rachel já atuou bastante no esporte a motor. Ela está na Stock Car há 15 anos, e também trabalha anualmente no GP do Brasil de Fórmula 1, como fiscal técnica local.

“Quando comecei o meu trabalho com a engenharia, ainda era estudante e consegui um trabalho de assistente local para a equipe Toyota só para o GP do Brasil, e fiquei seis ou sete anos com eles aqui”, contou.

“Quando eles saíram da F1, o pessoal da CBA, que fazia a fiscalização técnica aqui no Brasil, me chamou para participar da comissão. Hoje, essa comissão não é mais da CBA, está sendo organizada à parte. Devo ter também quase uns 20 GPs.”

“Na Stock, eu tenho 15 anos. Eu comecei aqui enquanto ainda estava estudando engenharia também, na equipe do Duda Pamplona, a Officer ProGP. Hoje essa equipe se fundiu com outra (Cimed). Aí fiz um ano na RZ e fechei com o Andreas (Mattheis, chefe da Ipiranga). Dei preferência para o Andreas, porque morava em Petrópolis (Rio de Janeiro), onde é a sede da equipe. Me dei muito bem aqui e quero me aposentar aqui.”

Mesmo estando em um time multicampeão na Stock, Rachel ainda não participou de nenhum título – algo que ela planeja mudar em breve. “No ano passado nós chegamos bem perto, o Thiago Camilo foi vice-campeão, mas espero que neste ano a gente consiga conquistar o título de pilotos, mas óbvio que também estamos de olho no campeonato de equipes.”

Mas o que falta para termos mais Racheis e Bias no paddock da categoria? Para a engenheira, isso depende de força de vontade de quem quiser chegar a este mundo.

“Falta um pouco de encorajamento, e abrir as portas”, disse Rachel.

“Mas eu reconheço que é um desafio muito grande para a mulher. Porque não é só o meio que é machista, a sociedade inteira é machista. Além disso, o desafio para a mulher no casamento e na maternidade é bem grande. Então, isso é muito pessoal. Mas, as mulheres querendo, tem espaço. E já provamos aqui que não há distinção.”

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